terça-feira, outubro 25, 2005

O casamento de dois artistas


Sábado, 22 de Outubro 2005. Apanhei um autocarro, daqueles cor de laranja, muito velhinhos e muito barulhentos que percorrem Lisboa a tantas décadas. Dentro haviam algumas pessoas com aspecto cansado, olheiras que mostravam um fim de semana mais agitado do que esperado e um motorista feliz por estar ali naquele momento.

Entramos com o objectivo de voltar para a nossa casinha, pequena mas aconchegante (consolo de pobre) onde a volta ao “nadasefaz” se previa como o mais provável destino do nosso tempo.

Após uma curta viagem saltitante do bairro da Lapa ao começo do bairro dos Prazeres, descemos a frente dos jardins do Museu (Nacional) de Arte Antiga. Fomos para o miradouro que estes jardins tem abertos ao publico. Jardins estes com forma semicircular, com uma arvore cujo topo apresentava uma cobertura de flores cor de rosa, onde o sol batia de frente e onde os bancos lá postos são protegidos do sol pelo topo rosa que tão linda visão nos proporcionava. Lá sentado a olhar para o pôr do sol fumei um cigarro pequeno mas que muito condizia com aquele momento no qual nos abraçávamos com muito amor.

Ao terminar o meu cigarro, apaguei-o num cinzeiro que por lá estava. Nesse momento pus-me de joelhos e proferi a pergunta que creio já ter sido proferida muitas vezes antes no mesmo local onde estávamos, perguntei a Kasia se queria passar toda a sua vida a meu lado, como minha mulher e eu como seu esposo.

A resposta positiva veio seguida de uma pequena mas marcante lágrima que escorreu lentamente o seu rosto seguida de um riso inocente mas não ingénuo. Na minha mão como que por magia surgiu um anel prateado, que antes me fora oferecido pela própria Kasia, que imediatamente foi posto na sua mão esquerda no seu dedo anular. Após troca de juras de amor eterno o vento bateu suavemente no topo da arvore, como que dando a sua bênção a esta união e comunicando-nos a sua intenção de nos obrigar a manter as promessas acabadas de fazer. Sorrimos juntos e Kasia apertou-me com convicção contra o seu peito e eu fechei os olhos e cheirei aquele lindo momento.

A partir daquele breve momento, legalmente sem valor, ambos sabíamos que acontecesse o que fosse haveria alguém que estaria lá para nos apoiar sempre que a vida nos pedisse uma força que não soubéssemos de onde tirar. Essa força viria tanto da natureza como um do outro. O amor de dois artistas tem muito que se lhe diga.

2 comentários:

António_Pinto_de_Mesquita disse...

... hás de ter tempo para isso!

António_Pinto_de_Mesquita disse...

e sabes que tems sempre onde ficar!

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