quarta-feira, dezembro 07, 2005

Uma noite no Bairro


No meio da multidão notei um pequeno grupo de baixas meninas de leste. Continuei o chá gelado que bebia, enquanto esperava que o meu estranho parceiro de aventuras terminasse o seu serviço. Ao olhar novamente na direcção do grupo feminino notei que estavam a chegar até nós. Nós, um grupo muito peculiar, composto por um inglês de Liverpool, um irlandês do sul, um anão com cara de rato e pelo de negro e eu, um português cabeludo e cansado após um dia de formação profissional.

Como dizia, o ajuntamento de meninas baixas de leste estava nesta altura ao nosso lado e falavam, das cinco, duas das meninas com o inglês e com o irlandês, quando eu notei que uma destas jovens tinha uns olhos que não me deixavam desviar o olhar. Eram grandes, azuis/verdes e a sua dona tinha um olhar de curiosidade em relação a mim que me atraia.

Começamos então uma conversa banal. Falamos de nossas origens, do nosso dia, do motivo que nos levara até lá e de vodka. Após o tema vodka, a jovem linda virou-se para ouvir o que diziam o inglês e o irlandês. Olhei par o meu lado esquerdo e o anão conversava com uma amiga da mais linda polaca que já conheci. Trocavam números de telefone e promessas de se encontrar. Quando consegui arrancar meu parceiro anão dessa conversa partimos os dois em busca de bebidas e outros poisos.

Uma semana mais tarde, eu estava em minha casa a pensar nos olhos da linda polaca que tinha conhecido, quando apareceu o anão com propostas que prometiam um fim de noite interessante para ele. Todas elas começavam com um telefonema à miúda que ele tinha conhecido na sexta anterior e com um jantar em minha casa.

Foram feitos telefonemas, marcadas horas e lugares e a minha tarefa foi então determinada. Tinha que cozinhar um jantar simpático, acompanhado de um bom beberico. Uma hora depois a estranha polaca baixinha apareceu para jantar. Trazia consigo um sorriso sonso e um brasileiro. Este brasileiro era o residente mais recente lá da minha casa. Jantamos então os quatro o meu petisco acompanhado do beberico bom, enquanto o brasileiro e eu conversávamos com a jovem.

Após o jantar a jovem fez um telefonema no seu estranho idioma a uma amiga. Esta chamada demorou quase dez minutos e envolveu alguma discussão. Mas, verdade seja dita, apareceram quinze minutos depois do tal conturbado contacto, mais duas polacas a porta da minha casa. Uma delas era a linda polaca que eu tinha conhecido a semana anterior. Conversámos então os seis em torno a seis copinhos cheios de vodka, muito popular na Polónia. Em plena conversa o meu colega brasileiro, no auge do seu conhecimento de polaco, percebeu na conversa das três polacas uma ordem de distribuição de homens para elas. Graças a deus, a que me fora atribuída, era aquela que tinha os mais belos olhos que vi nos últimos tempos, Kasia.

Tomamos então a decisão conjunta de irmos para uma festa em casa de uns brasileiros que eram quase meus vizinhos. Uma vez lá o meu companheiro brasileiro mostrou-me umas janelas com uma vista linda, num quarto vazio e perfeito para uma tentativa de sorte com as meninas. Subi a esse quarto com Kasia. Lá mostrei-lhe o rio, a ponte e a minha intenção de beija-la. Recusou, dizendo que tinha em casa um namorado que aguardava por ela ansiosamente. Mesmo assim eu tentei outra vez. Mais uma vez fui impedido de concretizar a minha intenção. Levei então Kasia para o telhado da casa.

Uma vez que a minha tentativa de beijar a bela Kasia tinha falhado, tinha então a intenção de dançar ao som de ritmos brasileiros variados. Mas o jovem anão queria ir ao Bairro Alto, onde tinha conhecido a sonsa que alimentamos. Recusei a oferta mas fui massacrado com insistência por parte do anão que me prometia sucesso com a bela Kasia.

Apesar da minha descrença, fui. Fomos a vários locais no Bairro, entre eles o local onde todos nos tínhamos conhecido. Num bar brasileiro dancei com Kasia mais intensamente. Umas horas depois sentado a beira rio senti que era a hora de tentar novamente a minha sorte. A bela Kasia parecia precisar de calor humano, eu prontamente me disponibilizei para ajudar.

O sol estava a nascer quando consegui roubar então um beijo a dona de tão belo olhar...

5 comentários:

aquelabruxa disse...

blogue interessante, vou voltar cá. ainda não li este texto, vou imprimir p/ ler com mais calminha.

travis disse...

Da última vez que fui ao Bairro Alto apanhei uma constipação, fui assaltado levei um murro e um pontapé na cara e as pessoas que estavam á minha volta riram quando caí desamparado. Há gajos com muita sorte...;)
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Anónimo disse...

mas que linda história...
será que não era melhor escrever um livro de histórias e dares à própria???
já se tornou enjoativo tanta lamechice.
Podias continuar nos temas mais sociais.

aquelabruxa disse...

e reparaste que o polaco é foneticamente muito parecido com o português? o russo ainda é mais. aqui na holanda muitas vezes quando eu e amigos falamos em português, as pessoas olham-nos com curiosidade para saber qual é a nossa língua, e pensam que é polaco, e ficam surpreendidas ao serem informadas de que é português.
o texto não achei espectacular, gosto sim, muito, dos teus poemas pequenos, como o das "cores". mas gostei de ler o texto, escrever e contar é importante, umas vezes melhor outras pior, se não se escrever nada é que não se escreverá cada vez melhor, né?
obrigada pela visita, também.

Fuzilah disse...

Tenhumalágrimanúcántdúôlho!

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